Oito meses após perder o filho, de apenas quatro anos de idade, num acidente de carro, o casal Becca (Nicole Kidman) e Howie (Aaron Eckhart) tenta suportar a dor da perda, cada um da sua maneira. Com um tema tão delicado (também muito explorado no cinema), Rabbit Hole se diferencia ao tratar do recomeço, nos envolvendo com o sofrimento e as várias tentativas de superação dos personagens. Texturas, cores e sentidos são aguçados a cada cena pela fotografia primorosa de Frank DeMarco.
Nunca fui muito fã do trabalho de Nicole Kidman. Sua atuação não chegou a me envolver nos seus filmes que consegui acompanhar até hoje. Para mim, o ator tem que cativar o público, fazê-lo entrar na história, mesmo ela sendo diferente da sua realidade. Com Nicole nunca tive essa satisfação até me deparar com a adaptação da peça teatral Rabbit Hole de David Lindsay-Abaire (no Brasil, Reencontrando a Felicidade) para o cinema.
Rabbit Hole me surpreendeu por conseguir passar toda a tristeza e melancolia sem ser – em nenhum momento – clichê. Seu encanto está nos detalhes das cenas e perspectiva de cada um dos personagens principais (os pais da criança e o rapaz que o atropelou). Poucos filmes sobre perdas são tão sutis e impactantes como esse. Vale conferir!