Que tal uma comédia romântica para alegrar essa semana? Na indicação de hoje, a Equipe No Set traz a adaptação do livro homônimo O Noivo da Minha Melhor Amiga (original: Something Borrowed). Apesar do título em português soar bem similar a tantos outros filmes do gênero, o longa nos apresenta um enredo bem diferente e que envolve o espectador até o último minuto.
Tudo começa no aniversário de 30 anos de Rachel White (Ginnifer Goodwin), uma advogada solteira e bem sucedida. Ela bebe demais e acaba levando um presente para sua cama, o noivo da sua melhor amiga. Na verdade, o interesse entre Rachel e Dex (Colin Egglesfield) existe desde a faculdade, mas eles nunca tiveram coragem de revelar a afeição. Porém, após essa primeira noite juntos, os dois não resistem ao sentimento que os atraem. Ao mesmo tempo, Rachel tem que lidar com os preparativos do casamento da sua amiga desde a infância, Darcy (Kate Hudson), e do homem que não consegue tirar da cabeça.
O Noivo Da Minha Melhor Amiga pode ser a história de muitos, que encontram a pessoa certa na hora errada. Mas um agravante torna o fato moralmente discutível: ele está noivo da sua melhor amiga. Será que vale a pena abrir mão de uma amizade por um amor? Bem, isso você confere assistindo o filme e tirando suas próprias conclusões.
Hoje aqui no blog, nós teremos uma participação bem especial de um fã da sétima arte e grande conhecedor da obra Isaac Asimov que deu origem à adaptação Eu, Robô. Petras Furtado é repórter cinematográfico e tem um blog bem interessante sobre cinema. Após a apresentação, vamos logo ao que interessa: a opinião desse leitor sobre a adaptação protagonizada pelo americano Will Smith.
“O primeiro livro — que não fosse infantil ou escolar — que li chamava-se Eu, Robô, uma pequena compilação de contos de um escritor chamado Isaac Asimov. Na época, chamaram-me a atenção o pequeno volume de páginas (fácil de ler!) e a capa com um robô, o que para minha imaginação de menino, era algo irresistível. Embora tivesse sido lançado originalmente em 1950, a coletânea só chegou no Brasil (e especificamente, às minhas mãos) em meados dos anos 70. Mas eram estórias maduras e que apresentavam várias camadas de compreensão e detalhes, já que a continuei lendo nos próximos dez anos. Foi minha primeira imersão no universo de ficção científica.
O livrinho continha nove contos que mostravam o panorama de um futuro aparentemente próximo, onde destacavam-se os elementos que depois seriam um padrão nas narrativas de robôs de Isaac Asimov: A fria e mal-amada robopsicóloga Susan Calvin (a serviço da fábrica de renome mundial Robôs e Homens Mecânicos U.S.), as Três Leis da Robótica (que restringiam o comportamento de um robô, impedindo que ele pudesse ferir um ser humano) e a repercussões morais que resultavam da interação entre os robôs e a sociedade humana.
Os primeiros contos mostravam robôs como um elemento experimental da indústria, equipados com corpos nitidamente artificiais e os famosos cérebros positrônicos, computadores capazes do mesmo esforço racional de um ser humano — apesar da falta de emoções. As três leis da robótica tornaram-se tão populares, que muitos escritores de ficção científica passaram a copiá-las ou usá-las como referência:
1. Um robô não pode ferir um ser humano, ou, por inação, permitir que um ser humano se fira;
2. Um robô deve obedecer a todas as ordens de um ser humano, exceto quando esta entrar em conflito com a primeira lei;
3. Um robô deve proteger sua existência, desde que isso não entre em conflito com a primeira e segunda leis.
Já o filme de 2004, dirigido por Alex Proyas e estrelado por Will Smith, que se passa no ano de 2035, mostra um futuro quase utópico, onde os robôs são uma visão comum nas ruas de uma Chicago, em uma grande variedade de serviços públicos.
O núcleo do filme gira ao redor da investigação do assassinato do cientista em robótica Alfred Lanning, pelo detetive Del Spooner. Ambos eram amigos, já que Lanning era responsável pela cirurgia que salvou a vida de Spooner, em um acidente ocorrido vários anos antes, do qual também se origina o desgosto de Spooner pelos robôs.
A partir daí temos segredos corporativos, intrigas e um interesse romântico (entre Del e Susan Calvin, assistente de Lanning e literalmente apaixonada por robôs) que parece nunca se concretizar. Acrescente a isso um supercomputador corporativo excessivamente zeloso e um robô suspeito do assassinato de Lanning, que sonha com um futuro onde ele lidera outros robôs como uma espécie de revolução ou insurgência — uma referência direta a um conto de Asimov chamado Visões de Robô, que aparece na coletânea de mesmo nome. Outra referência é ao conto Conflito Evitável, onde supercomputadores funcionam como administradores globais, por acreditarem que são capazes de dirigirem a humanidade melhor que nós mesmos.
Os contos e romances robóticos de Asimov são geralmente de natureza reflexiva, onde seus heróis vencem os obstáculos ao redor com astúcia, intelecto e muito bom humor — o que não acontece no filme, que é uma receita clara de blockbuster com muita ação, multidões de robôs para serem despedaçados pelos tiros do protagonista, perseguições de automóveis, reviravoltas previsíveis e o clímax óbvio.
O que se salva, talvez, na película, seja o apelo visual do filme, limpo e claro, uma narrativa ágil que não dá sono, e o design dos robôs, que denota, em especial, a mudança de geração dos robôs mais velhos para os mais novos — estes, com aparência mais humanizada, com formas suaves e um jeitão meio Microsoft (o que mete um certo medo).
Se colocarmos os dois na balança, veremos que há pouco do autor original neste filme, e este pouco não chega a fazer uma diferença. Se era para fazer um filme de ação de ficção científica, não era necessário tentar fazer pensar o público, que é tudo que Eu, Robô consegue. Diversão, sim, entretenimento puro e simples.
Mas é só.”
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Quando nos deparamos com uma boa adaptação, logo imaginamos o original superando-a com uma grande vantagem. Essa idéia pré-concebida nos persegue até conhecermos o produto que deu origem a releitura e, na maioria das vezes, o conceito é confirmado. No caso da crítica de hoje, a concepção que o original sempre é melhor que a adaptação cai por terra. E na obra The Vampire Diaries esse fator pode ser comprovado. Num contexto geral, a série televisiva supera, e muito, os livros da autora Lisa Jane Smith.
Os primeiros volumes foram lançados como uma trilogia em 1991, e com a grande difusão dos três primeiros livros, a autora escreveu o quarto da série em 1992. Já em 2009, foram anunciados mais três livros como continuação, após a grande audiência obtida pela série de TV, por pressão mercadológica.
E por que a série foi lançada? Para atender o público cada vez maior das estórias relacionadas às criaturas noturnas, devido também à explosão de Crepúsculo, que fez os produtores do canal americano The CW investirem nessa adaptação dos livros de Smith, consequentemente obtendo o esperado: um dos seriados de maior sucesso entre os jovens.
O enredo foi totalmente refeito pelos roteiristas da TV, sobrando muito pouco da obra original. Se o telespectador recorrer ao livro, pensando ser melhor que a série, vai ficar decepcionado. Nesse caso aconteceu algo incomum no mundo das adaptações, a releitura conseguiu ser melhor – e não é pouca a vantagem – que a obra original. A estória ganhou novos personagem e fatos coerentes, que são perdidos nas páginas dos livros onde cada acontecimento é mal contado e tem um desfecho sem sentido.
No quinto livro, Diários de Vampiro: Retorno: Amanhecer, é possível notar como a autora pecou em alguns fatos, até porque o enredo termina em 1994 e, no penúltimo livro lançado no Brasil, ele continua do mesmo ponto, mas parece que Lisa Jane Smith não respeitou a temporalidade e vemos coisas como celular 3G, modelos de carros que não existiam na época, entre outros absurdos no decorrer da publicação. Além de uma narrativa cansativa, com personagens pouco atraentes, que faz o leitor quase desistir de terminar o livro (eu mesma quase não consegui).
Abordando a temática do amor humano/vampiro, o livro The Vampire Diaries nos introduz à pequena cidade americana de Fells Church – no seriado chama-se Mystic Falls -, onde encontramos uma garota popular e egocêntrica chamada Elena. Ela é o centro das atenções por onde passa, mas acaba ficando órfã de uma hora para outra. Nesse período tumultuado de sua vida, aparece um garoto bem interessante na cidade, Stefan Salvatore, que desperta a curiosidade de Elena. Ela se vê no direito de conquistá-lo e acaba alcançando seu objetivo. Só o que a nossa protagonista não sabia é que o bonitão era um vampiro e tinha um irmão com sede de vingança à procura dele.
Ian Somerhalder é Damon Salvatore, Nina Dobrev é Elena Gilbert ePaul Wesley é Stefan Salvatore .
Já na série, todo esse enredo foi reestruturado, fator essencial para seu sucesso. Alguns personagens foram excluídos no roteiro do seriado e, de fato, não fizeram tanta diferença e outros se fundiram em um só, como o caso das amigas Bonnie e Meredith transformadas em Bonnie. Os três protagonistas ganharam uma nova roupagem, uma Elena mais para mocinha e sem aquele egocentrismo exacerbado (medíocre, sim), um Stefan lutando contra seus instintos de predador – vezes ganhando, vezes perdendo - e um Damon mais sexy e irônico, cativando assim os telespectadores jovens mais que a obra original. Novas estórias foram inseridas de uma maneira coerente, interligando todos os fatos e personagens. Tudo isso sem pontas soltas como percebemos nos livros.
A série prima pelo ótimo roteiro, produção e elenco, cumprindo o que promete: ser um seriado adolescente bem feito (bem diferente de Crepúsculo que, aliás, foi escrito bem depois de Diários do Vampiro). Não é a toa que se tornou um sucesso nas suas duas temporadas exibidas, pois tem um dedo – ou vários – de alguém que entende do negócio, Kevin Williamson, criador do também seriado adolescente Dawson’s Creek. Ele desenvolveu a série e reinventou todo enredo, transformando um tema sutil e batido – vampiro - em algo interessante, atingindo seu ápice na segunda temporada. Para quem ainda tem dúvidas sobre qual é o melhor, a dica é conferir os dois – original e adaptação – e tirar suas próprias conclusões.