quinta-feira, 30 de junho de 2011

Jane Austen e inúmeras adaptações

Na época em que viveu, a escritora inglesa Jane Austen (1775-1817) nem poderia imaginar que suas obras ganhariam tantas releituras mundo afora. São desde séries televisivas a livros com zumbis.



E em homenagem à inglesa (mais conhecida por Orgulho e Preconceito), foi criada em 2009 a Jane Austen Sociedade do Brasil (Jasbra). Um espaço para os admirados e fãs de Austen trocarem informações, discutirem suas obras e as várias adaptações de seus livros.

Hoje, a atual presidente da Jasbra é Adriana Zardini, formada em Letras pela UFMG e tradutora de dois livros de Austen: Mansfield Park e Razão e Sensibilidade. E foi com ela que o No Set conversou sobre as adaptações baseadas na obra de Jane Austen.


No Set: As diversas adaptações dos livros de Austen foram essenciais para grande parte do sucesso que ela faz hoje em dia?

Adriana Zardini: Os livros contribuem bastante para o sucesso de Austen. Creio que pelo mundo afora, é mais comum as pessoas se interessarem por Austen porque leram os livros. Aqui no Brasil, porém, principalmente entre os mais jovens, Austen se tornou conhecida por causa dos filmes.


No Set: Aqui no Brasil é o inverso, você credita isso a algo?

AZ: Bem, essa é uma opinião bem pessoal. Aqui no Brasil, as pessoas que não têm acesso aos clássicos. Acabam lendo o que está em destaque nas prateleiras das livrarias ou que está na moda. Como Austen é sucesso absoluto em países de língua inglesa, eles nem precisam fazer propaganda. Aqui no Brasil, as coisas estão mudando muito. Várias editoras já estão produzindo os livros de Austen em português.


No Set: As pessoas procuram ler os livros após ter contato com as releituras?

AZ: A grande maioria fica apenas em um ou dois livros. Mesmo porque até o ano passado, não era possível encontrar todos em português. As edições antigas, ainda esgotadas, só eram encontradas em sebos.


No Set: As releituras conseguem passar todo estilo da escritora ou não? É válido conhecer uma adaptação?

AZ: Creio que as adaptações são visões diversificadas dos livros. É muito complicado uma adaptação ser realmente fiel ao original, mesmo porque a escritora não está viva para poder dar palpites. E, além disso, não poderíamos prever como seria a intervenção de Austen. Por outro lado, as visões das pessoas que adaptam os livros são bastante complexas. Algumas são verdadeiras obras primas, com a adaptação de Razão e Sensibilidade de Emma Thompson. Outras estão mais voltadas para fenômeno de vendas.


No Set: Falando nisso, hoje é possível encontrar adaptações como Orgulho e Preconceitos e os Zumbis e Razão e Sensibilidade e os Monstros do Mar. O que você acha dessa tendência?

AZ: Ela segue o mercado. Fora do Brasil, são criadas várias séries para a tv e filmes relacionados ao mundo do oculto e de seres fantásticos, acho que a 'moda' acabou pegando também em cima dos clássicos. Alguns dessas misturas são ruins, mas outras são engraçadas. Depende do gosto do leitor.


No Set: Você leu alguma? O que achou?

AZ: Eu tenho esses que você mencionou, mas ainda não me sobrou tempo para lê-los. Um que eu li e dei muitas gargalhadas foi o 'Jane Austen a Vampira'. Mas o leitor tem que ter um conhecimento mínimo sobre literatura universal para poder entender as piadas! Passei três tardes ótimas!


No Set: Quando as pessoas que conheceram a adaptação antes, lêem o livro, a percepção muda?

AZ: Bem, isso é bem pessoal. Eu acredito que sempre as pessoas são mais sensibilizadas pelo livro do que em relação ao filme.


No Set: E o contrário? A adaptação é bem aceita para quem conhece o original?

AZ: Creio que sim! Eu acho maravilhoso ver meus personagens favoritos serem interpretados por bons atores. Por exemplo, em Razão e Sensibilidade de 1995, é muito legal reconhecer todo o cavalheirismo do Coronel Brandon na pele do ator Alan Rickman.


No Set: Você já teve alguma decepção com alguma adaptação?

AZ: As releituras que menos me cativam são as dos anos 70 e 80. São muito parecidas com novelas ou atuações de teatro.


No Set: Alguma que te surpreendeu positivamente?

AZ: Orgulho e Preconceito de 1995, em minha opinião, conseguiu ser melhor que o filme de 2005. Eu gosto muito do filme, principalmente porque é um DVD que você consegue assistir em uma noite tranquila. Já a série, que é longa, requer mais tempo.


No Set: Para encerrar, o que não pode faltar numa adaptação da obra da Austen?

AZ: Não pode faltar a essência do livro, o cuidado com a escolha dos atores, guarda roupa de época e cenários. Acho muito importante também a fotografia e a trilha sonora.



Para conhecer mais sobre a Jane Austen Sociedade do Brasil e trabalho de Adriana Zardini, acesse os links:

Site da Jasbra: www.jasbra.com.br
Blog Jane Auste Brasil: www.janeaustenbrasil.com.br

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